terça-feira, 27 de maio de 2014

sábado, 24 de maio de 2014

entrevista dada hoje ao site AFROPRESS sobre intolerância religiosa

24/05/2014
Para Mãe Valda, povo de terreiro resiste à intolerância religiosa
Da Redação

Cabo de Santo Agostinho/PE – A sacerdote Valda Gonzaga, conhecida como Mãe Valda de Pirapama, do Terreiro Ilê Asé Sango Ayrá Ibona, da Nação Ketu da cidade do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, disse que a sentença do juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio para quem Candomblé e a Umbanda não são religião, foi absurda mais representou um “grande ganho”. “Provou ao povo de terreiro que eles tem a força, desde que ignore as diferenças e foque no que são iguais, no caso, a luta contra o preconceito, a intolerância religiosa e o racismo”.
Segundo Mãe Valda, o papel das religiões de matriz africana na história do Brasil é “de resistência, de sobrevivência mesmo”. Estamos sendo obrigados a mudar, saber definir o que é sagrado e o que é profano. A religião de matriz africana não está só discutindo religiosidade, mas também racismo, preconceito e intolerância”.
Em entrevista concedida ao editor de Afropress, jornalista Dojival Vieira, Mãe Valda disse que a cultura discriminatória está impregnada na sociedade e pode ser vista nas propagandas nos meios de comunicação em geral. “O mundo mudou e saímos da ditadura militar não podemos entrar na ditadura religiosa. Isso seria um retrocesso”, disse Mãe Valda.
Confira a entrevista concedida pela líder religiosa.
Afropress – Como sacerdotisa do Candomblé, como está acompanhando a polêmica suscitada pela decisão do juiz carioca, para quem Umbanda e Candomblé não são religião?
Mãe Valda - Com muito interesse, achando um absurdo um Juiz Federal prolatar uma sentença pelo que ele acha que é uma religião e não pela legislação. Isso faz com que a população fique insegura. O fato de ter voltado atrás e reconhecido que somos religiões [embora o Ministério Público Federal tenha recorrido da decisão do juiz, a sentença ainda não foi reformada] foi um grande ganho, provou ao povo de terreiro que eles tem a força, desde que ignore as diferenças e foque no que são iguais, no caso a luta contra o preconceito, a intolerância religiosa e o racismo.
Afropress - Quais os efeitos dessa decisão que, ainda poderá ser reformada por instâncias superiores, mas que reflete a postura de certos setores do Judiciário?
Mãe Valda - O efeito será na visibilidade do Candomblé e Umbanda, na certeza que qualquer decisão feita sem embasamento jurídico será duramente atacada.
Afropress - Qual na sua opinião vem sendo o papel das religiões de matriz africana na história do Brasil?
Mãe Valda – O de resistência, de sobrevivência mesmo, estamos sendo obrigados a mudar, saber definir o que é sagrado e o profano, a religião de matriz africana não esta só discutindo religiosidade, mas também racismo, preconceito e intolerância.
Afropress - Como é que a discriminação e a intolerância religiosa ainda se manifestam no cotidiano do Brasil?
Mãe Valda - No dia a dia, está impregnado na sociedade. Vemos isso nas propagandas, nos meios de comunicação em geral. Os evangélicos estão batendo forte no Candomblé e estamos começando a reagir, usando o Judiciário para tentar evitar o abuso.
Afropress - Fale um pouco do seu trabalho e do seu terreiro. Quando nasceu e qual o trabalho que faz? Como vem se dando a relação com outras matrizes religiosas, inclusive as igrejas cristãs - católicos e evangélicos?
Mãe Valda - Sou de terreiro há mais de 40 anos e só em 09 de maio de 2009 que inaugurei o Ilê Asé Sango Ayrá Ibona (Casa de Força do Orixá Xangô, na tradição livre do Iorubá para o português), Nação Ketu na cidade do Cabo de Santo Agostinho, (http://youtu.be/HO4GpLrluZc) numa casa em que foi uma senzala no tempo em que os escravos eram trazidos para Porto de Galinhas.
Meu trabalho tem sido o de orientar, esclarecer o que é Candomblé, que não cultuamos o diabo, que somos pessoas como qualquer outra de qualquer religião, que temos famílias, crianças e jovens dentro do terreiro e que desde que o negro veio ao Brasil e conseguiu abrir um terreiro que a vida dele tem sido de cultuar os orixás e tentar melhorar a vida da comunidade.
Em relação as outras religiões temos o GT racismo com telefones a disposição para qualquer problema que venha a porta do terreiro. Já tivemos 3 casos de invasões aqui em Pernambuco e o GT racismo tomou a frente e orientou os pais babalorixás inclusive para entrar na Justiça pedindo indenização.
Afropress - Qual a resposta que o povo de terreiro deve dar diante dessa que parece ser mais uma investida contra a religião, historicamente alvo da intolerância e de perseguições?
Mãe Valda - É se unir. As redes sociais já permitem que Pernambuco se comunique com o Brasil todo, saber que o problema de um babalorixá em S. Paulo pode ser o meu amanhã e, portanto, a luta do babalorixá de S. Paulo também é a minha em Pernambuco. Aprender com os erros, porque demos tanto espaço para que essas perseguições estejam acontecendo. O mundo mudou e saímos da ditadura militar e não podemos entrar na ditadura religiosa, isso seria um retrocesso.
Afropress - Gostaria que falasse também sobre como tem se comportado a SEPPIR na relação com o povo de terreiro. Se é positiva a presença do Governo nessa área.
Mãe Valda - A presença do SEPPIR é pontual. A última foi em 10 de julho de 2013 para a COEPPIR-PE e antes deste evento foi em 30 de julho de 2010, ou seja: a presença do Governo é inexistente.
Afropress - Faça as considerações que julgar pertinentes.
Mãe Valda - Os terreiros nas redes sociais ainda é um fato muito novo. Viemos de uma cultura que é passada oralmente e a fala pública, a luta pelos direitos ainda nos assusta, mas esse aprendizado se faz urgente. Precisamos cada dia valorizar nosso irmão de fé e colocá-lo na política. É necessário ter alguém para nos defender, é uma questão de sobrevivência.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Canjerê dos pretos velhos maio/2014.

Fizemos nosso Canjêre dos pretos velhos dia 14 de maio, como nosso terreiro foi uma  senzala esta é uma festa ao qual eu não posso deixar de realizar todo ano e isto me dá um enorme prazer, fazer cada comida, benzer, dar conselhos!