ILE ASE SANGO AYRÁ IBONÃ
Um terreiro como lócus de potencialização e perpetuação da Existência
Templo de Matriz Africana ILE ASE SANGO AYRÁ IBONÃ é uma comunidade de terreiro que se configura de acordo com os pressupostos filosóficos e teológicos da cosmovisão africana, como um espaço onde a Vida é celebrada em toda a sua plenitude. A funcionalidade do referido Templo de Culto aos Orixás, tem como espaço uma peça arquitetônica adaptada a partir de uma antiga sede de um Engenho de Açúcar, pertencente ao Barão de Pirapama, provavelmente reformado no século XIX, uma dedução a partir dos elementos decorativos da fachada ao estilo neoclássico.
Durante as obras de reforma e adaptação, foram encontrados vestígios do que teria sido a senzala do engenho, comprovando a existência de um antigo cemitério de negros escravizados.
Na compreensão teológica e filosófica da ancestralidade, elemento central que se dinamiza como o cerne ou a centralidade cosmológica da visão de mundos dos vários povos negros trazidos compulsoriamente para o Brasil, assim como a noção de ase como a força que anima a existência; os africanos para a diáspora trazidos/as todos/as, no entanto, eram detentores dessa força que além de “mágica”, funcionou como resistência física e cultural, tanto para construir a economia fundante do país, a edificação dos monumentos históricos, bem como para sobreviver à opressão e exploração.
É sob esta perspectiva que compreendemos que, embora a fundação do Ilê Ase Ayrá Ibonã seja recente, devido ao “lócus ancestrálico” onde está situado, este se corporifica como uma territorialidade mítica e material com profusão de ancestralidade, funcionando como uma força latente, que despertada ritualisticamente, se irradia, impregna, porque legitimada por toda uma herança repassada pelos ancestrais e antepassados.
Texto
Jayro Pereira (Ogiyán Kalafor Olorode)
Lupércio Rômulo(Oba Deyibo)
Revisão: Amauri Cunha
Nenhum comentário:
Postar um comentário